Sala técnica de data center com servidores e sensores IoT em destaque, ilustrando visibilidade e segurança operacional

Com a crescente demanda por armazenamento, processamento e segurança de dados, os data centers têm se consolidado como infraestruturas estratégicas e de alta criticidade. No entanto, enquanto a segurança digital nas camadas de rede e software evolui, um ponto vulnerável permanece negligenciado: a camada OT (Operational Technology) e os dispositivos IoT, que sustentam fisicamente esses ambientes.

Sensores, sistemas de climatização, automação predial, câmeras de segurança, fechaduras inteligentes e painéis de controle estão todos conectados. E por trás de cada um deles, existe uma nova superfície de ataque.


O crescimento acelerado dos data centers no mundo

O aumento exponencial da demanda por data centers se deve à transformação digital em curso: adoção massiva de inteligência artificial, big data, cloud computing, IoT e exigências cada vez maiores por velocidade e disponibilidade.

Estudos indicam que o consumo global de energia por data centers pode saltar dos atuais 60 GW para quase 300 GW até o final da década. Além disso, a expansão física dessas estruturas leva à adição de milhares de sensores, roteadores, câmeras e dispositivos de controle – todos conectados à mesma rede ou com pontes para ela.

Essa nova configuração exige uma reavaliação completa das estratégias de segurança. Afinal, o que protege a rede lógica não é necessariamente o que protege o ambiente físico que abriga essa rede.


O ponto cego da segurança digital: OT e IoT

Ao pensar em segurança de data centers, o foco geralmente recai sobre firewalls, autenticação de acesso, backups, redundância de dados e criptografia. Mas o que acontece quando um simples sensor de temperatura é comprometido?

Dispositivos operacionais, que antes eram isolados, agora estão conectados. E muitos deles utilizam protocolos legados ou sem criptografia, abrindo brechas silenciosas para ciberataques.

Sistemas HVAC, leitores biométricos, câmeras IP, painéis de automação, sistemas de UPS, alarmes e sensores IoT formam uma malha operacional que mantém o data center funcionando – e ao mesmo tempo o expõe.

Em muitos casos, esses dispositivos estão fora do radar da equipe de segurança da informação. Isso cria um abismo perigoso entre o que é protegido e o que é realmente vulnerável.


Riscos reais que vão além da rede

Ao negligenciar a camada OT/IoT, as empresas se expõem a riscos operacionais concretos. Um ataque cibernético pode, por exemplo:

  • Interromper sistemas de ventilação e causar superaquecimento;
  • Desativar alarmes e permitir acessos físicos não autorizados;
  • Alterar parâmetros de controle ambiental e comprometer equipamentos;
  • Gerar loops de consumo energético que impactam a estabilidade elétrica;
  • Violar sensores para coletar dados sensíveis sobre fluxos de operação.

Ou seja, os ataques não se restringem ao digital: eles geram danos físicos, paralisação de serviços, desgaste de equipamentos e quebras contratuais por falha de disponibilidade.


Tendências tecnológicas e novos desafios de proteção

Nos próximos anos, a arquitetura dos data centers será marcada por três grandes frentes:

  1. Crescimento híbrido: ambientes integrando edge, cloud pública, cloud privada e estruturas físicas locais.
  2. Conectividade em tempo real: exigência por latência mínima, com dispositivos OT/IoT processando dados e se comunicando sem intermediários.
  3. Escalabilidade operacional: adição constante de novos dispositivos e sensores à medida que os data centers se expandem.

Esses movimentos aumentam a complexidade da segurança, tornando obsoletas as abordagens baseadas apenas em perímetro de rede. Será necessário atuar com monitoramento constante, microsegmentação, controle por identidade e análise comportamental.


O fator ambiental: segurança e sustentabilidade

Pouco se fala, mas a camada OT também impacta diretamente a sustentabilidade dos data centers. Um sistema de climatização mal configurado ou corrompido por ataque pode aumentar drasticamente o consumo de energia e água.

Estudos indicam que grandes data centers consomem milhões de litros de água por dia para resfriamento, especialmente os que usam sistemas evaporativos. Se esses sistemas forem desregulados por falha ou sabotagem, o consumo pode dobrar ou até causar interrupções operacionais com alto custo ambiental e financeiro.

Além disso, a falha de sensores ambientais pode comprometer metas de ESG, gerar sanções contratuais e até impactos reputacionais.


O desafio da visibilidade: você sabe o que está conectado?

O primeiro passo para proteger é enxergar. No entanto, a maior parte das infraestruturas de data center ainda não possui um inventário preciso dos dispositivos OT e IoT conectados à sua rede.

Além disso, muitos desses dispositivos não se comunicam com sistemas de segurança tradicionais, tornando invisível sua presença e atividade.

Essa falta de visibilidade compromete a definição de políticas de acesso, dificulta a correção de vulnerabilidades e impede a aplicação de normas de conformidade.


Como implementar uma abordagem segura para OT e IoT

A proteção efetiva dos data centers precisa ser integrada. Isso significa que a segurança da camada OT e dos dispositivos IoT deve ser tratada com o mesmo nível de criticidade da segurança da informação.

Veja os principais pilares de uma abordagem robusta:

  • Mapeamento e inventário automatizado de todos os ativos OT/IoT conectados;
  • Monitoramento contínuo com detecção de comportamento anômalo;
  • Controle de acesso baseado em identidade e função;
  • Isolamento de redes e microsegmentação para impedir movimento lateral;
  • Gestão de vulnerabilidades e atualizações periódicas dos dispositivos;
  • Auditorias regulares e análise forense de eventos OT;
  • Integração entre os times de engenharia, segurança e TI.

O papel da NetService na segurança OT/IoT de data centers

Com ampla atuação em infraestrutura, redes, engenharia e serviços gerenciados, a NetService está posicionada de forma estratégica para apoiar empresas na proteção física e digital de seus data centers.

Entre as soluções aplicáveis, estão:

  • Projetos de cabeamento estruturado de alta confiabilidade para ambientes críticos;
  • Redes industriais segmentadas e seguras com foco em automação;
  • Soluções de controle de acesso, vigilância e integração de dispositivos operacionais;
  • Serviços gerenciados via NOC e SOC, com monitoramento especializado de ambientes híbridos;
  • Consultoria em segurança de dados, energia e infraestrutura operacional;
  • Engenharia aplicada à continuidade e à eficiência operacional.

Esses elementos juntos permitem que a NetService atue como uma parceira de ponta a ponta na proteção do core digital das organizações.


Conclusão: segurança completa exige integração total

À medida que os data centers se tornam mais complexos e críticos, é preciso avançar para um modelo de proteção total, que vá além da TI.

OT e IoT não são “adicionais” — são parte do coração operacional dessas estruturas. E qualquer vulnerabilidade nessa camada pode comprometer tudo que foi investido em redundância, escalabilidade e desempenho.

Mais do que nunca, segurança é um tema que começa na engenharia e termina na inteligência.